Diário de Bordo (das férias)Parte 1: a escolha do destinoAproveitando alguns dias de férias que me restavam do ano passado, aproveitei pra viajar uma semaninha e sair da rotina (porque férias dentro de casa não funciona pra mim). Logo que começamos a falar de férias em dupla, veio a primeira dúvida: onde ir? A única certeza era que iríamos de carro. Pedi uma lista tríplice para facilitar a escolha. Recebi três opções: 1) Ilha Grande. Como eu já havia ido recentemente e passado por uma série de intempéries, então não me animava muito a idéia de voltar lá tão cedo. 2)
Milho Verde (han?!). Tive que recorrer ao google. Descobri que é um distrito distante 350 km de BH, ideal pra quem quer mergulhar em cachoeiras limpas e respirar o ar puro das montanhas com paz e tranqüilidade e ... não era bem o que eu queria para essas férias. Uma pessoa agitada precisava de um pouco mais do que cachoeiras e montanhas. Respirei fundo e fomos para a última opção da lista tríplice: Paraty. Aceitei na hora! Não seria minha primeira vez lá, já conhecia de passagem, mas o lugar me instigava a voltar. Sem contar a possibilidade de viajar de carro pela Rio-Santos que eu acho linda. Assim foi definido o destino e lá fomos nós.
Parte 2: pé na estrada
Escolhemos dividir a ida em duas partes, parando pra dormir no meio do caminho. A parada escolhida foi Niterói. Chegar à noite numa cidade pouco conhecida e sem hotel reservado para ficar foi um exercício de desprendimento para alguém tão planejadinha como eu. E foi ótimo. Pedimos informação a um taxista num posto de gasolina, que informou que existia um hotel com precinho camarada, apenas para dormir e ali mesmo onde estávamos, em Icaraí. Hotel com preços módicos em Icaraí é o mesmo que um lugarzinho honesto e barato na Praia do Canto. Quase impossível. Mas, existe. Só que não é bemmm um hotel. Apesar do letreiro indicar tratar-se de um hotel (e parecia mesmo, fica numa avenida movimentada, do lado de um supermercado Sendas), a entrada ser coletiva, com garagem a vista de todos, mesmo elevador e tal, o quarto tinha uma cama redonda com espelho no teto. Demorei alguns minutos pra parar de rir da situação. Mais inacreditável foi o serviço e comida ótimos.
Parte 3: a chegada e a cidade
Cidade linda, cheia de gringos e brasucas de todas as partes do país. A cidade respira cultura. Em cada canto tem exposição de arte, gente cantando e tocando no meio da rua, estátuas vivas, mais exposição de arte, muito artesanato, muita cachaçaria (a cachaça é especialidade da cidade) e um boteco com o melhor atendimento até hoje: Coupé. Ficamos viciados na caipi-fruta de maracujá com limão. Para ir a praia são duas opções: carro ou barco. Comprei uma cartelinha de plasil e encarei uma passeio de barco com direito a algumas paradas pra quem quisesse mergulhar pra ver peixes e tal. E lá se vão uma centena de fotos. A pousada, bem, não era lá essas coisas. Foi escolhida à distância, considerando o orçamento estipulado para a viagem. E, convenhamos, diária de 70 reais com café, em alta estação, não dava pra esperar que fosse nada parecido com o
Hotel do Frade.
Parte 4: a trilha do Caminho do Ouro
A recuperação de um trecho do Caminho do Ouro em Paraty possibilitou o resgate da memória de um dos principais portões de entrada do Brasil no século XVIII. Apesar da cidade ter um trecho de mais de 20 km do Caminho (que começa em MG), o IBAMA liberou apenas uma trilha de 2km (de subida) para o turismo. Mesmo não sendo fã de trilhas, mata fechada e afins, 4km entre subida e descida estavam dentro do meu limite (físico). Instalei o sorriso n. 5 no rosto e lá fui eu, com boné e garrafinha de água. O guia acompanhou o grupo e foi contando da época em que aquele caminho servia de transporte para o ouro retirado das Minas Gerais, reconstituindo os diferentes ciclos pelos quais o país viveu, pontuando os acontecimentos ocorridos na região e tal. A aula de história do Brasil foi bem legal, mas não senti muita diferença na paisagem. Esse comentário me rendeu o título de insensível para assuntos da natureza. Eu tentei, mas eu não consegui me emocionar com o pé de Jequitibá que se sobressaía imponente no meio do Parque Nacional da Serra da Bocaina. Piorou quando eu disse que o mais legal da trilha foi quando o guia, contando a história do Brasil, disse que na verdade Tiradentes não foi enforcado, porque ele era maçon e outro foi colocado pra morrer no lugar dele. Gente, eu a-d-o-r-o a versão B que existe em cada coisa. Elvis e Tiradentes não morreram. Fantástico.
Parte 5: adjacências - Trindade
Vale muito a pena conhecer Trindade. Já foi destino de hippies e aventureiros. Mas na última década o turismo tomou conta da vila, as casas dos pescadores viraram pousadas e bares simples e asfaltaram a estrada de acesso, chamada de "Deus me livre". Subida quase eterna, cheia de curvas fechadíssimas. Meu carro 1.0 (um ponto nada) sofreu. Até chegar lá são 25 quilômetros ao sul de Paraty, na divisa com Ubatuba. A praia do Cepilho é para surfistas. A do Rancho tem água deliciosa e clarinha, além de ser a mais comercial, com vários bares. A praia do Cachadaço eu não fui, mas deve ser muito bonita porque teve gente que foi fazer uma trilha de meia hora e demorou 3 horas, só tirando fotos da piscina de águas naturais e da trilha hehehe. Essa trilha eu pulei, fiquei na praia do Rancho tomando cerveja e comendo peixe frito.
Parte 6: Ubatuba
Essa é uma das minhas praias favoritas. Foi minha segunda vez na Praia Grande, de águas mornas e transparentes. Aproveitamos para visitar o Aquário de Ubatuba. Eu sempre acabo visitando aquários onde eu vou. Fraquinho. Não dá pra comparar com o Oceanário de Lisboa (divino!) e nem com o Miami Sea Aquarium. Ok, ok, eu não devia nem tentar fazer essa comparação. Mas achei mal cuidado. Valeu o siri de espuma antialérgico que comprei pra minha sobrinha Rafa, e que eu tenho certeza que ela ficará com medo quando abrir o pacote (hehehe).
Parte 7: O retorno
Não tínhamos tempo para dividir a volta e dormir no meio do caminho. Foram 750 km dirigidos num mesmo dia (12 horas com poucas paradas pra café-xixi-chiclete). Mesmo revezando na direção, eu dirigi 400 km de uma vez. A parte boa foi que resolvemos vir pelo litoral de Marataizes (ok, vocês estão se perguntando o que há de bom em Marataízes ainda, também não sei), passando por Piúma, Anchieta, Ubu, Meaípe (melhorou), etc. Foi mais divertido do que viajar pela BR101. Bem, a partir da minha chegada vocês já sabem porque eu já contei em um post anterior. Voltei a trabalhar e tive uma virose que me derrubou dois dias. Agora só me resta esperar a viagem de carnaval. Faltam 8 dias para colocar o pé na estrada novamente.
Parte 8: As fotos
Ficarão para o próximo post porque estou há horas escrevendo esse livro de bordo e só me falta ter LER por tanto esforço repetitivo. Como são milhares, semana que vem eu posto. Boa semana.