Ontem, no trabalho, bateram na porta da minha sala e me ofereceram outro emprego. Parei de lecionar há um ano. Ter tido a experiência de dar aulas na UFES foi o que eu esperava para encerrar minha carreira acadêmica (até então limitada a faculdades particulares). E assim deveria ser. Doce ilusão. A proposta que me fizeram ontem foi ainda mais desafiadora: dar um módulo de Planejamento Estratégico para uma turma de MBA de Gestão de Petróleo e Gás numa faculdade bem conceituada de Vitória. Considerando que não mando currículos para ninguém há pelo menos 5 anos, não faço idéia de como essa criatura descobriu que eu tinha mestrado e experiência nessa área. Isso me faz ter cada vez mais certeza que basta fazer o trabalho bem feito e as pessoas sempre lembrarão de você. Fiquei feliz com o convite, e após 15 minutos de conversa, resolvi aceitar. Acostumada a adolescentes que eram obrigados pelos pais a cursarem uma faculdade e, algumas vezes, nem sabiam muito bem porque estavam lá, agora o público será diferente: adultos que pagam uma pequena fortuna por mês para estarem dentro daquela sala de aula. E que venha o novo desafio!
Eu nunca fui de virar as costas para as oportunidades. Lembro que meu pai falava que sustentaria os filhos até os 25 anos, depois disso era por conta de cada um. Essa pressão acabou se transformando num incentivo. Todos cumpriram a meta. E por conta dessa "metodologia" de educação familiar, eu me tornei muito independente. Acho que até passei do ponto ideal. A consequência boa disso tudo é ter uma vida confortável e poder pagar as próprias contas (e todas as minhas viagens que eu adoro, claro ...).
Mas, como nem tudo são flores, isso acabou fazendo com que as pessoas me vissem com alguém fria, objetiva demais, focada na própria vida e extremamente exigente nas escolhas afetivas. Exagero. Hoje, conversando com um amigo querido demais (um sujeito que me entende além da média), ele me disse que muitos homens tem medo de mulheres independentes (isso já é sabido, há bastante tempo), por acharem que elas querem algo que eles não podem oferecer. Fiquei pensando nisso. Será que a população masculina quer nos oferecer o que realmente nós queremos? Impressionante como as pessoas têm mania de resolver o que o outro quer e tomar isso como verdade. Percebi que a leitura masculina em torno da mulher independente é equivocada. Não queremos um super homem, alguém que tenha estudado mais que a gente, ou que ganhe o dobro do nosso salário para ser "merecedor" de estar ao nosso lado. Busca-se alguém que seja companheiro nas risadas e nas conversas intermináveis, alguém que consiga pagar as próprias contas (sem se preocupar com as da mulher) e que encare a relação como uma parceria a longo prazo. Sem concorrência. Sem vencedores. Pessoas felizes que se curtem e decidem estar juntas.
Bom final de semana!