
Nesta semana matei a saudade de várias amigas que não via há tempos. Foram três dias de happy hour encontrando pessoas queridas, ouvindo experiências alheias e processando as minhas (vividas nos últimos 34 anos). Cada vez tenho mais certeza que conviver é um grande desafio (com amigos, com família, com seu par, com colegas de trabalho, etc.). Num desses encontros, estive com uma amiga do tempo da faculdade, que contou da própria vida e não fez nenhuma reclamação de nada. Ela sempre foi assim. Todos os namoros pareciam comercial de margarina, com tudo lindo, perfeito. E assim continua no casamento. Isso é estratégia. Todos passam por dias mais felizes, outros menos. Contar para o mundo todo (ou para poucos amigos) como está a sua vida ou não é uma decisão pessoal. Dizem por aí que Romeu e Julieta são ícones do amor eterno, porque morreram e não tiveram tempo de passar pelas adversidades que os relacionamentos estão sujeitos pela vida afora. Já citei Roland Barthes aqui no blog: "passada a primeira confissão, eu te amo não quer dizer mais nada". Eu, pessoalmente, não consigo pensar em amor separado de afinidades, companheirismo, respeito, carinho, planos em comum, cumplicidade e tal. Só processo quando está tudo dentro do mesmo pacote. Acho que não adianta amar loucamente e não conseguir conviver. Assim como você não vai se casar com seu melhor amigo, só que porque vocês têm 1237 afinidades. Pessoas namoram porque apreciam a presença do parceiro. O período de namoro é um teste de compatibilidade ao fim do qual ambos decidem se querem viver juntos. Durante toda essa caminhada a boa comunicação é fundamental. Se você tem ressentimento, ciúme, insegurança, expectativas, deve dizê-las ao seu parceiro. Comunicação não quer dizer apenas falar ou brigar. A boa comunicação é honesta sem ser acusatória (a forma de falar é muito importante, eu que o diga). Vale comunicar seus sentimentos, frustrações, desculpas (com o propósito de não repetir algo que tenha feito/dito), medo, tristeza, alegria. A comunicação é ainda mais preciosa quando as pessoas se conhecem há pouco tempo. As percepções são inevitáveis e vão sendo confirmadas ou descartadas com a convivência. Ter opinião sobre o outro é inevitável. Não quer dizer que seja "uma verdade". Se eu te percebo de forma "x" é porque estou recebendo sinais, processando e chegando a alguma conclusão. E acredito que essas arestas de percepções equivocadas precisam ser eslcarecidas. Tem quem diga que 50 anos de convivência não garantem o conhecimento pleno do outro. Lembrei da minha mãe, contando que se casou com meu pai após 5 meses de namoro e o primeiro ano de casamento foi o pior da vida dela. Naquela época, os casais conviviam pouco antes do casamento. Considerando que meu pai é um ex seminarista, o namoro se resumia a ficar sentado na varanda da casa dos meus avós conversando. Hoje, a convivência é muito maior, com intensivão nos finais de semana. Mais do que apenas problemas, fale também as boas coisas, das qualidades, de tudo o que faz valer a pena estar junto. Assim, as coisas ficam mais leves (minha meta para 2009) e prazerosas. Continuamos na estrada ...