Fofocas, intrigas e outros males
Já ouviram aquela história da mulher que foi se confessar e narrou suas fofoquinhas leves ao pároco? Este deu-lhe como penitência ir ao alto de um morro que havia na cidade e espalhar as penas de um travesseiro. Depois, descesse,catando uma a uma. E ela perguntou como poderia catar se o vento já tivesse levado as penas para cada vez mais longe. E o padre falou que assim são as fofocas. Como poderá recolhê-las depois que se espalham?
Já declarei outras vezes que abomino a fofoca. Tenho observado pessoas que curtem esse esporte, e percebo que normalmente a fofoca vem de mãos dadas com a intriga. Qual a importância de saber como o colega fez pra comprar um carro novo e de onde veio dinheiro para pagá-lo? Qual a importância de perceber que o colega vive em festas se não tem renda para tal? Importa sim tudo a respeito de nós mesmos. A fofoca parece uma descarga de inveja, à qual não posso dar vazão claramente. Então ouso fofocar sobre o que me incomoda. Até aí, fofoca enquanto curiosidade, dos males o menor. Já a intriga é a fofoca com uma pitada de mentira e uma tonelada de maldade. Por exemplo: não posso ter liberdade, então crio mecanismos para coibir quem a possui, por meio de artimanhas. Falo mal de alguém a quem desejo, mas não posso ter. Enveneno os relacionamentos afetivos alheios já que o meu está uma droga, ou nem existe. Prejudico, deliberadamente, uma carreira. Podo uma alegria. Piso em canteiros, digo que foi beltrano. Abro o portão para que fuja o cão com pedigree que eu não consigo comprar e lanço a culpa em quem passou. Prejudico aquele que me incomoda com sua felicidade, com sua inteligência, beleza, notoriedade, etc. Quanta gente tenta justifica a própria fraqueza e infelicidade fazendo com que o outro também seja infeliz. Se sou incapaz de lutar para ter o que mereço então vou fazer alguma maldadezinha pra diminuir a felicidade do outro. Assim, todos ficaremos infelizes. Felicidade alheia incomoda, não é mesmo? Há pessoas que tecem caminhos intermináveis de pequenas maldades. Acham-se normais, e fazem da intriga o seu hobby. Somente estão satisfeitos a cada tijolinho arrancado no muro de alguém. Por isso, não gosto de fofocas, nem de fofoqueiros. O mesmo vale para invejosos e pessoas que curtem uma intriga. O psicoterapeuta Ângelo Gaiarsa, autor do livro "Tratado geral sobre a fofoca" acredita que a fofoca é, na maioria das vezes, provocada pela inveja. A quantidade de fofoca que existe no mundo é diretamente proporcional à quantidade de desejos não realizados. Minha terapeuta sempre me disse que independente do que eu faça, as pessoas sempre vão falar. Então, o melhor a fazer é não permitir que os preconceitos, vetos familiares e piadas de "amigos" sejam determinantes de nossos atos, frustrando-nos a liberdade de sermos nós mesmos. Viver pensando "o que dirão de mim?" é sufocante. Toma nosso tempo, trava, amordaça, algema. Não sejamos prisioneiros da verdade alheia. Boa semana, falem menos dos outros, cuidem mais da própria vida e sejam felizes!
5 comentários:
Minha terapeuta, que também era a sua, me fez ver algumas coisas que me faziam mal, mas com a qual eu agora posso conviver sem que isso afete minha vida.
Inveja mata...
beijos
Bem, que mate o invejoso e não o invejado ;-)Bjks.
Acho que voltamos a cai em lugar comum: Vão ler um livro!
Porque, sinceramente, acho que o problema de viciar-se em falar da vida alheia reside no fato da vida própria ser sem graça e sem ocupação.
Mas acho que fui muito além recomendando Monteiro Lobato e passo a recomendar Maurício de Souza.
Beijos e estou com saudades
Fomos um pouco além nesse texto play. Entramos na intriga, muito pior que a fofoca por falta do que fazer. Já estou me questionando se quem faz isso sabe ler. Já deve ter esquecido por não praticar há tempos. Bjs e bem vinda.
P.S: bula de remédio também vale.
Nunca mais leio bula, eu sempre desisto do remédio - atenção: isso não é um trocadilho, hahahaha
Pq haja teoria conspiratória!!
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