Reflexão dominical
Expressão antiga, “ganhar no grito” significa o ato de se sobrepor ao outro através da imposição da voz ou da insistência com as mesmas palavras (convencimento). Essa situação geralmente acontece quando não há meios mais eficazes de alguém atingir seu objetivo. No mundo animal, há o exemplo dos gorilas, onde quem berra mais alto pode vencer um duelo e ficar de chefe do bando sem haver luta corporal.
Entre a impulsividade e a passividade existem muitas alternativas de solução de conflitos e formas de demonstrar a insatisfação. Vamos pensar, quantas vezes o grito nos ajudou a ganhar alguma questão? Ser impulsivo é muito diferente de saber se defender, responder rapidamente ou argumentar em momentos específicos e com equilíbrio.
A carga de adrenalina que jogamos no sangue justifica o ganho? Se ainda assim, houvesse só o 8 ou o 80, se eu tivesse obrigação de escolher entre a paciência católica (budista, espírita, whatever) e a sangria desatada e impulsiva, certamente eu optaria pela primeira. A paciência com os defeitos dos outros é uma virtude.
Lembrei daquele livrinho batido, do Daniel Goleman, que fala de inteligência emocional. Parece assunto velho, mas como isso é relevante para o sucesso de alguém, tanto na vida pessoal quanto na profissional!
Alguém já viu uma criatura descontrolada e super sincera se tornar gerente? Normalmente os mais habilidosos emocionalmente, os que sabem agir levando em conta prós e contras, são mais bem sucedidos (não estou falando aqui dos que ascendem por jogo sujo ou troca de favores).
Já tive uma terapeuta que dizia que o mundo não quer saber tudo que eu penso. Ela tinha razão. O briguento será sempre um bom peão, pau para toda obra, aquele sujeito questionador que irá sempre fazer um bom trabalho, custe o que custar, custe quantas verdades forem necessárias dizer e quantos desafetos forem necessários criar durante o percurso. Ninguém quer um cara desses para líder.
Já foi o tempo que o sucesso de alguém era garantido pelo raciocínio lógico e habilidades técnicas. Hoje, é sua capacidade de se relacionar com o mundo que vai determinar o seu sucesso. E relacionamento é tudo, envolve família, colegas de trabalho, seu tempo de espera nas filas, seu comportamento no trânsito, sua forma de falar com a faxineira de casa, etc.. Pode parecer bobo, mas quem não consegue se controlar em situações banais da vida, pouco conseguirá diante de uma equipe cheia de pessoas diferentes, com problemas pessoais, com interesses diversos, com defeitos insuportáveis, com manias irreparáveis.
O grito é utilizado por aqueles que não querem desenvolver a outra habilidade, a da paciência, do olhar o outro com seus defeitos. Agressividade e impulsividade são fáceis de cultivar, mas o controle dos impulsos e a gentileza são os grandes diferenciais para o sucesso das relações. A gentileza desarma. A voz baixa se faz ouvir com muito mais facilidade.
Como ninguém nasce pronto, essa impulsividade pode ser controlada com meditação, relaxamento, yoga, exercitar pensar antes de falar. E se a pessoa não conseguir fazer isso sozinha, deve buscar ajuda de um profissional.
Ganhar no grito é coisa do passado! Busquemos formas mais inteligentes de ganhar nossas batalhas pessoais. Eu to tentando a minha, embora ainda escorregue, às vezes. Bom domingo!
2 comentários:
Afilhada, lembre-se do caminho do meio: entre a passividade e a agressividade existe a ASSERTIVIDADE. Ser assertivo é falar o que é preciso, sem ofender ou outro ou você mesma. Mas de vez em quando dê uns berros no banheiro para desopilar o fígado, rsrsrs.
Bjs, dinda
Estou exercitando minha assertividade! rs. Obrigada, dinda. Beijos.
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