Algo que tem me incomodado ultimamente é ouvir tantas histórias sobre mentiras em relacionamentos. Fulano que namora fulana "a" há muito tempo e se envolve com fulana "b" e não conta pra "caixa 2" que ela não é a matriz e sim a filial. Sem contar que a namorada/ noiva oficial nem desconfia da "second life" do sujeito. Em outras vezes o rapaz até conta pra "caixa 2" que ele não é assim tão livre, mas não se posiciona, enrola, adia uma decisão, enfim ... quanta energia gasta inutilmente. Apesar de ter uma quedinha pela monogamia (mas isso é questão de gosto), acredito que relacionamentos abertos podem dar certo sim, desde que isso seja combinado. Ta aí um verbo que eu adoro: c-o-m-b-i-n-a-r. Por falar em fidelidade, adultério, mentiras, monogamias e afins, estou lendo um livro da Regina Navarro, psicanalista, chamado "A cama na varanda". Ai vai um artigo dela sobre o assunto:
Adultério
Homens e mulheres flertam, se apaixonam e namoram acreditando ter encontrado o ‘verdadeiro amor’, para com ele ficar a vida inteira. No entanto, poucos se contentam com um único parceiro sexual, mesmo enfrentando altos riscos. O adultério sempre foi punido com crueldade pelo mundo afora com açoitamento público, morte por apedrejamento, etc. Mas a infidelidade acontece a toda hora, em todos os lugares, com as pessoas comuns e com as famosas. O príncipe Charles e Bill Clinton foram dos mais comentados no final do século passado. E a infidelidade da mulher? Desde a infância foi ensinado a ela que deveria ter relações sexuais apenas com o marido. Isso fez com que se sentisse culpada ao perceber seu desejo sexual por alguém que não fosse ele. A dependência econômica também foi uma motivação importante da tendência monogâmica presente na nossa cultura. O marido jamais admitiria uma infidelidade e dessa forma a mulher não teria como sobreviver. Um flagrante de adultério, por exemplo, faz com que a mulher perca todos os seus direitos. Com a pílula anticoncepcional e a emancipação feminina as coisas começaram a mudar. O número de mulheres infiéis tem se igualado ao dos homens e o adultério começa cada vez mais cedo para ambos os sexos. Pesquisa realizada na Inglaterra, dirigida às mulheres que trabalham fora, comprova que 2/3 das casadas ou com companheiro estável responderam ter cometido adultério. E 72% garantiram que era melhor fazer sexo com o amante. Entretanto, o adultério não é nada simples. O conflito entre o desejo e o medo de transgredir é doloroso. A fidelidade não é natural e sim uma exigência externa; numa relação amorosa estável as cobranças de exclusividade são constantes e aceitas desde o início. Com toda a vigilância que os casais se impõem, a fidelidade conjugal geralmente exige grande esforço quando a pessoa se sente viva sexualmente e não abdicou dessa forma de prazer. Assim, as restrições que muitos têm o hábito de estabelecer por causa do outro ameaçam bem mais uma relação do que a ‘infidelidade’. Mesmo porque, reprimir os verdadeiros desejos não significa eliminá-los. Quando a fidelidade não é espontânea nem a renúncia gratuita, o preço se torna muito alto e o parceiro que teve excessiva consideração tende a se sentir credor de uma gratidão especial, a se considerar vítima, a se tornar intolerante, inviabilizando a própria relação. Todos deveriam saber que o desejo sexual por outras pessoas constitui parte natural da pulsão sexual. Provavelmente diminuiriam os crimes passionais. Apesar dos conflitos, medos e culpas, da expectativa dos parentes e amigos, dos costumes sociais, e dos ensinamentos estimularem que se invista toda a energia sexual em uma única pessoa, está na hora de deixar de negar o óbvio e começar a questionar se fidelidade tem mesmo a ver com sexualidade.
Homens e mulheres flertam, se apaixonam e namoram acreditando ter encontrado o ‘verdadeiro amor’, para com ele ficar a vida inteira. No entanto, poucos se contentam com um único parceiro sexual, mesmo enfrentando altos riscos. O adultério sempre foi punido com crueldade pelo mundo afora com açoitamento público, morte por apedrejamento, etc. Mas a infidelidade acontece a toda hora, em todos os lugares, com as pessoas comuns e com as famosas. O príncipe Charles e Bill Clinton foram dos mais comentados no final do século passado. E a infidelidade da mulher? Desde a infância foi ensinado a ela que deveria ter relações sexuais apenas com o marido. Isso fez com que se sentisse culpada ao perceber seu desejo sexual por alguém que não fosse ele. A dependência econômica também foi uma motivação importante da tendência monogâmica presente na nossa cultura. O marido jamais admitiria uma infidelidade e dessa forma a mulher não teria como sobreviver. Um flagrante de adultério, por exemplo, faz com que a mulher perca todos os seus direitos. Com a pílula anticoncepcional e a emancipação feminina as coisas começaram a mudar. O número de mulheres infiéis tem se igualado ao dos homens e o adultério começa cada vez mais cedo para ambos os sexos. Pesquisa realizada na Inglaterra, dirigida às mulheres que trabalham fora, comprova que 2/3 das casadas ou com companheiro estável responderam ter cometido adultério. E 72% garantiram que era melhor fazer sexo com o amante. Entretanto, o adultério não é nada simples. O conflito entre o desejo e o medo de transgredir é doloroso. A fidelidade não é natural e sim uma exigência externa; numa relação amorosa estável as cobranças de exclusividade são constantes e aceitas desde o início. Com toda a vigilância que os casais se impõem, a fidelidade conjugal geralmente exige grande esforço quando a pessoa se sente viva sexualmente e não abdicou dessa forma de prazer. Assim, as restrições que muitos têm o hábito de estabelecer por causa do outro ameaçam bem mais uma relação do que a ‘infidelidade’. Mesmo porque, reprimir os verdadeiros desejos não significa eliminá-los. Quando a fidelidade não é espontânea nem a renúncia gratuita, o preço se torna muito alto e o parceiro que teve excessiva consideração tende a se sentir credor de uma gratidão especial, a se considerar vítima, a se tornar intolerante, inviabilizando a própria relação. Todos deveriam saber que o desejo sexual por outras pessoas constitui parte natural da pulsão sexual. Provavelmente diminuiriam os crimes passionais. Apesar dos conflitos, medos e culpas, da expectativa dos parentes e amigos, dos costumes sociais, e dos ensinamentos estimularem que se invista toda a energia sexual em uma única pessoa, está na hora de deixar de negar o óbvio e começar a questionar se fidelidade tem mesmo a ver com sexualidade.
O que vocês acham? Boa semana!
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